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Project Cars Project Cars #199

Project Cars #199: a conclusão da montagem do meu Gol 1.8 Turbo de track day

E aí, galera! Chegamos no terceiro e último texto. Relembrando, no meu primeiro texto contei um pouco da minha história até chegar na compra do carro; no segundo texto contei sobre a montagem do Gol e a participação de alguns eventos.

Depois da primeira montagem do carro, consegui curtir ele por um bom tempo, até que tive a primeira quebra do câmbio ainda original. A engrenagem da terceira marcha quebrou e os pedaços dela acabaram condenando boa parte do câmbio. Decidi trocar todo ele por outro original, e outro, e outro… Depois dessa primeira quebra, nunca mais consegui manter um câmbio inteiro por muito tempo. Testei diversas relações e até um modelo antigo de quatro marchas, mas nada aguentava. A parte boa é que nós criamos uma grande habilidade para realizar a troca.

Lembro que nas primeiras vezes foi demorado, mas com o tempo ficou tão fácil que acredito ser possível fazer com os olhos vendados agora. Foram seis câmbios originais de cinco marchas, um de quatro marchas e dois modificados com engrenagens de dente reto, que foram comprados usados, apresentaram problemas e foram devolvidos.

Contando as vezes que foi preciso desmontar para verificar algo ou trocar somente o diferencial, acredito que já desmontamos e montamos câmbios no Gol umas 20 vezes. Claro que isso acabou perdendo a graça, precisava de algo que funcionasse para o carro se tornar confiável. Mas antes de contar a solução, que foi umas das alterações mais recentes, vou falar de outras modificações feitas antes.

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Coleção de câmbios

Conforme comentei no final do segundo texto, o carro começou a tomar um novo rumo. Começamos a ter mais provas de TrackDay em Curitiba, e comparando com as arrancadas, era uma forma mais intensa de curtir o carro por muito mais tempo. Então, direcionei as modificações nesse sentido.

Apesar de gostar das rodas Orbital, sempre fui apaixonado pelas BBS. O modelo “original” da VW no aro 14” não cabiam no Gol por causa dos freios maiores. Até cheguei a testar, mas acabei perdendo muito no freio.

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Gol com a BBS 14”

Infelizmente ainda não consegui importar um jogo original no aro 15”, que é a minha vontade. A solução veio com a chegada das réplicas. Meu amigo Kadu, através da sua empresa Borbogussi, começou a disponibilizar as réplicas de ótima qualidade e, dessa forma, pude colocar as rodas que desejava: o modelo RS no aro 15×7.

O pneu escolhido foi o Yokohama Advan Neova na medida 185/55 R15. Poderia ter colocado a medida 195/50 R15, mas nesse primeiro momento achei melhor tentar o 185 para poder andar com o carro mais baixo sem risco de enroscar os pneus nos para-lamas e também dar um leve efeito stretch.

Meu amigo Junior ajudou na cuidadosa montagem para não fazer nenhum risco nas novas rodas e respeitar as marcações de balanceamento. Dessa forma, utilizamos o mínimo de pesos para balancear, quase nada, graças também à boa qualidade das rodas e dos pneus. No momento da montagem utilizei um equipamento chamado fender rolling para rebater um pouco os para-lamas de maneira rápida e com ótimo acabamento.

Aproveitei e comprei um segundo jogo de rodas, as Tsuya SUY 431 15×6,5 e montei pneus slick. Dessa forma, tinha um jogo exclusivo para derreter na pista e poderia conservar um pouco mais os Neova.

Após a montagem desse novo conjunto, eu e o Kadu tivemos a ideia de fazer um ensaio do Gol para apresentação das rodas e do carro. Então, entramos em contato com outros dois amigos, o Diogo e o Pedro da DG Works, que fazem trabalhos belíssimos e também são apaixonados por automóveis como a gente. O resultado vocês conferem abaixo:

Foram realizadas algumas alterações mecânicas também. Como o carro seria muito mais exigido na pista, o motor ganhou um intercooler para ajudar na temperatura do ar admitido. Ganhou também uma revisão completa no sistema de arrefecimento com mangueiras novas e um novo radiador.

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Instalação do Intercooler

Como comentei, o câmbio me deu muita dor de cabeça. Portanto, comecei a pesquisar e conversar com muitas pessoas e empresas para achar a melhor solução e fazer um câmbio totalmente novo. Então, depois do ótimo atendimento e suporte da BF Câmbios Especiais, finalmente montei com eles um câmbio com as 5 engrenagens forjadas helicoidais, uma coroa e pinhão de 35 dentes relação 3.89 e um diferencial blocante.

Como as engrenagens seriam produzidas do zero, eu poderia escolher a relação desse câmbio. Optei por fazer a 1ª marcha longa, o que me ajudaria no circuito e até mesmo em uma eventual arrancada, e o restante das marchas calculei baseado nas velocidades das curvas do Autódromo de Curitiba e nas quedas de rotação de cada troca para que eu sempre tivesse a turbina pronta para empurrar a próxima marcha. Para isso, fiz uma tabela para auxiliar nos cálculos.

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Tabela para relação de marchas

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Diferencial blocante pastilhado

E, no final das contas, o câmbio ficou maravilhosamente bom, funcionando perfeitamente e com uma relação ótima. A escolha da coroa e pinhão foi para alongar um pouco a relação final, e também por que o modelo de 35 dentes é mais robusto que o comum de 37 dentes da relação 4.11. O diferencial blocado é do tipo pastilhado.

No começo fiquei um pouco cabreiro com o comportamento do carro, pois o bloqueio funciona de maneira bruta e não progressiva, é tipo “ligado ou desligado” o que ocasiona uns puxões no volante. Mas, andando no autódromo em maior velocidade, as curvas eram contornadas normalmente e agora conseguia sair muito mais rápido delas sem ficar destracionando. A mudança foi enorme. E, assim, finalmente o carro parou de incomodar com o câmbio, até hoje está funcionando muito bem, sem problema algum.

Em 2014, pela primeira vez, o Gol conheceu uma pista nova, o Autódromo Zilmar Beux em Cascavel – PR. Foi o Friends TrackDay, organizado pelo grupo Ford Friends. Foi um evento muito bom, o circuito é bem desafiador com grande variação no relevo. Embarquei o carro numa cegonha e lá pude curtir dois dias de pista, em um ambiente alucinante, cercado de carros, amigos, boas conversas e velocidade.

A maioria dos participantes acampou dentro do próprio autódromo, assim como eu e dois amigos que me acompanhavam, o que tornou toda a experiência de “respirar automobilismo” mais intensa. O despertador era o ronco dos motores, literalmente. Apesar de não ter um carro da marca do grupo que realizou o evento, acabei conhecendo uma galera gente finíssima! Fiz grandes amizades e agora participo sempre dos encontros e eventos realizados por eles. Tão bom quanto a lembrança do evento foi ganhar esses novos amigos.

Com o câmbio aguentando bem e o carro tracionando, troquei os bicos injetores por outros melhores e de maior capacidade para poder alimentar uma maior potência. Passamos a pressão de turbo de 1kg para 2kg. O carro ficou muito mais arisco e rápido.

O melhor tempo de volta no Autódromo de Curitiba com 1kg de pressão de turbo é de 1:41. Ainda não testei pra valer o carro com a potência atual, mas acredito que fique na casa de 1:38. Considero um tempo ótimo pelo carro ainda conservar muitas características “de rua”. Aqui estão alguns registros dos eventos que participei no Autódromo de Curitiba:

Gol passando na reta

Volta rápida na configuração antiga, sem câmbio forjado, sem blocante e com 1kg de pressão de turbo

Não consegui montar o painel a tempo para ir nesse evento, estava fazendo umas alterações elétricas e trocando o para-brisa.

O primeiro vídeo é parcial e filmado com o celular. O segundo é o mesmo vídeo completo em outro ângulo de visão. Nova configuração, com câmbio forjado, blocante e 2kg de pressão de turbo. Ainda testando o carro sem andar muito forte e sem elevar muito a rotação. Aproveitei a bela BMW como referência para comparar a pegada.

No final da reta principal o carro estava alcançando mais de 230 km/h, aferidos com o GPS. O carro se tornou rápido, então não podemos deixar de pensar na segurança. Confesso que dói um pouco fazer algumas alterações mais profundas, mas é preciso, a segurança sempre é o mais importante.

Ele vai ganhar um jogo de bancos Sparco com cintos de 5 pontas e o desenvolvimento de uma RollCage completa, que também vai ajudar na estrutura, já que ele sofre muito com a torção.

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Novos bancos

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Agradecimentos

Para finalizar, gostaria de agradecer a minha família que sempre me ajudou e me apoiou, minha namorada Flávia que sempre foi parceira, ao FlatOut! por ceder esse espaço para nós podermos contar cada um a sua história, e a todos os meus amigos e parceiros que de alguma forma ajudaram, sejam com informações, comprando aquela “pecinha que faltava” no horário de trabalho onde eu não podia ir ou virando a madrugada terminando o carro. Não vou conseguir citar todos aqui que já me ajudaram de alguma maneira, mas com certeza eles sabem que sou agradecido pelo companheirismo e a amizade. Por “culpa” dos carros, criamos esses sensacionais grupos de amigos malucos que fazem parte da nossa vida e nossos projetos, que muitas vezes vão muito além da pista.

Também não posso deixar de agradecer ao Gol, por ser nosso parceiro e resistir bem a tudo que passou junto conosco e proporcionar tantos momentos bons e muito aprendizado.

Grande abraço a todos e até a próxima!

Por Giovanni Grigolo, Project Cars #199

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Uma mensagem do FlatOut!

Giovanni, é sempre muito legal ver um carro escolhido a dedo e montado com tanta atenção aos detalhes. Melhor ainda quando ele ajuda a reunir os amigos e depois corresponde às suas expectativas na hora de acelerar na pista. Parabéns pelo belíssimo projeto!