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Project Cars Project Cars #28

Project Cars #28: o processo de funilaria e pintura e a mecânica do Dodge Charger R/T “LMS”

Há quanto tempo, pessoal do FlatOut! Que tal falarmos um pouco mais da restauração do Dodge Charger R/T 72 LMS? Neste post de hoje veremos o andamento dos serviços de funilaria, pintura e mecânica  — e, para nossa surpresa, mais alguns problemas!

Antes que vocês me perguntem, o carro ainda não está pronto. Avançou e muito, é claro, mas ainda não atingiu o necessário para merecer o selo “LMS” no vidro traseiro. Vamos aos detalhes dos serviços:

 

Funilaria

No post anterior, mencionei que, exceto pela churrasqueira, todos os paineis externos da carroceria foram substituídos; garanto que não foi por preciosismo de minha parte.

A lateral esquerda tinha remendos de 9mm de massa plástica, o teto estava ondulado e tinha uma diferença de 1,5 cm na altura entre um lado e outro e o assoalho tinha remendos de todos os tipos, de forma que a única solução foi comprar um novo, vindo de um estoque antigo, assim como o assoalho do porta-malas.

Erro número 1: o funileiro não tinha experiência anterior em Dodges nacionais. Achei que as premiações em Lindoia e os belos carros restaurados por ele fossem suficientes para garantir a qualidade. Não foram. E nem vou discutir o preço cobrado, bastante alto, mas que me pareceu aceitável em vista do trabalho necessário, do resultado pretendido e do nível de serviços da oficina.

Em uma restauração dessa monta, é normal que ocorram atrasos, especialmente quando o funileiro trabalha quase sozinho. O que não é possível é demorar 23 meses para entregar o carro (a previsão inicial era seis meses!) e ainda não terminar o carro.

Erro número 2: quando a minha paciência se esgotou, dei um prazo de uma semana para ver avanços no trabalho. É claro que não houve avanço algum: quando percebeu que seria despejado e que não teria tempo hábil para terminar o carro, o funileiro simplesmente desistiu do trabalho.

Project Car FlatOut RT 72 LMS funilaria, pintura e mecânica.pa

Laterais AMD, servem muito bem nos Dodges nacionais

Assim me vi obrigado a encontrar um lugar para levar o carro em 48 horas, sob risco do proprietário da área trancar o galpão com meu carro dentro. Alguns bons amigos me ajudaram e, dez dias depois, o carro já estava com o João Andrade para conclusão do serviço.

Gato escaldado, controlei prazos e pagamentos com muita atenção. Na data combinada, a funilaria estava pronta. Lição aprendida: ainda que você tenha que esperar um pouco mais, aguarde por um funileiro que tenha bastante experiência na restauração do modelo do seu veículo. Ele vai saber exatamente o que fazer.

Project Car FlatOut RT 72 LMS funilaria, pintura e mecânica.pa

Funilaria pronta

 

Pintura

A preparação e pintura de um carro com laterais, paralamas, assoalhos e outras peças novas é bem mais simples que um que exija muita correção. No LMS, não quis que se corrigisse imperfeições com massa, somente o fundamental.

O pintor trabalhou muito bem, com bastante capricho e vontade de acertar. Fiquei bem impressionado com a sua disposição de refazer o que fosse necessário, sem acréscimo de custo de mão de obra ou material.

Foi uma decisão de risco, mas os pintores que orçaram o serviço estavam ocupados – e custavam caro. O pintor escolhido, até por ser jovem e estar se firmando no meio, fez o serviço em apenas 70 dias, contra 120 da estimativa, a um preço 40% inferior ao que eu havia obtido com outros profissionais.

Para obter o tom exato da cor original, Branco Polar, contei com o auxílio luxuoso de um dos grandes conhecedores e entusiastas dos Dodges nacionais, Lincoln Gomes de Oliveira Neto, que conseguiu uma amostra a partir de uma parte pintada original, nunca retocada.

As faixas do capô em preto fosco foram pintadas a partir do gabarito de um capô original, de modo a assegurar a máxima fidelidade possível. Esse era um ponto muito importante, pois em um carro branco as faixas se destacam muito, não havendo espaço para erros.

Project Car FlatOut RT 72 LMS funilaria, pintura e mecânica.pa

O carro pintado, já com o teto de vinil e alguns acabamentos

 

Mecânica

Concluída a pintura, o carro seguiu para a montagem mecânica, o que deveria tomar em torno de 90 dias, em vista que o motor e demais componentes haviam sido retirados do carro há dois anos, logo, deveriam estar prontos quando da chegada do carro.

Lógico que não estavam! Com isso, o prazo da montagem mecânica se alongou e muito, tomando 250 dias, um exagero injustificável.

Parte desse atraso foi alegada na dificuldade de se obter peças novas para a suspensão e diferencial. Eu fazia questão de peças novas de estoque antigo, tanto quanto possível, pois as peças de reposição que se encontram atualmente não têm a mesma qualidade (ou usam materiais diferentes, o que eu não queria).

Não houve dificuldades com o motor 318PS, original do carro. Bloco e cabeçotes estavam em bom estado, exigindo apenas retífica e trabalho de fluxos, respectivamente. Mantivemos o virabrequim original, com substituição das demais peças móveis. O comando de válvulas original foi substituído por um de maior abertura (270º), pois eu queria que o carro ficasse bem disposto e não passasse vergonha perto do meu Maverick GT Quadrijet.

Não fosse um R/T 72, muito raro, eu teria optado por uma preparação leve, com coletor de admissão de alumínio, carburador Holley 600CFM de segundo estágio mecânico e ignição/distribuição mais modernos; para respeitar a máxima originalidade possível, foi colocado um carburador DFV 446 e distribuidor com platinado. Vamos ver como o carro vai ficar, se necessário depois altero esses itens.

Quando o carro estava em vias de sair da mecânica e seguir para a montagem, houve o acidente com a minha Amada filha Luísa. Quando consegui voltar a raciocinar, decidi fazer da restauração uma homenagem a ela: o carro então se tornou “o” Charger R/T 72 LMS. Vocês podem imaginar o quanto aumentou o meu nível de exigência!

Project Car FlatOut RT 72 LMS funilaria, pintura e mecânica.pa

A mecânica no lugar

Como em todos os demais itens, a ideia na mecânica foi de se voltar à confiabilidade e sensação de zero quilômetro que o carro tinha quando da entrega ao primeiro dono, em fins de 1971 (o carro é ano-modelo 1972).

No próximo post, vou detalhar a montagem do interior, acabamentos externos e as primeiras impressões do carro pronto.

Abraços!

Reinaldo Silveira, Project Cars #28

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