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Pergunta do dia

Qual é o carro de rua com motor exposto mais legal já feito?

Normalmente o coração de um carro fica enclausurado em um cofre, coberto pelo capô, protegido dos elementos e dos nossos olhos. Mas este nem sempre é o caso: de vez em quando, as fabricantes são ousadas e decidem despir as entranhas de suas criações. Qual é o carro de rua com motor exposto mais legal já feito?

Motores expostos costumam ser vistos em hot rods, pois contribuem bastante para o visual ameaçador dos clássicos preparados; em show cars, como o incrível Toyota GT 4586 de Ryan Tuerck; motocicletas e tratores. Em carros de rua produzidos em série, eles são bem mais raros.

Um exemplo bastante recente é o McLaren P14, futuro substituto do 650S, que será apresentado daqui a alguns dias no Salão de Genebra. O supercarro usará um novo motor V8 biturbo de quatro litros, que é uma evolução do atual 3.8 e deverá entregar algo na casa dos 700 cv.

O McLaren P14 já teve seu visual revelado no fim de 2016 e, devemos observar, continuamos achando uma beleza. Mas um detalhe chamou nossa atenção: o sistema de iluminação do cofre do motor, provavelmente com LEDs coloridos, que será oferecido aos donos que quiserem “exibir o coração do carro”, de acordo com a própria McLaren.

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A foto divulgada mostra o topo do motor iluminado de vermelho, de forma que é possível vê-lo através da tela de ventilação do cofre. Ficou meio parecido com um gabinete de CPU customizado, mas é uma ideia interessante.

Existem, porém, exemplos mais old school. Nosso favorito? O Hemi Dart.

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Olhe com atenção por baixo do scoop dianteiro – que na verdade é uma chapa dobrada sobre um buraco no capô, uma solução que transita entre o badass e o sem-vergonha. Enxergou? São as entradas de ar dos dois carburadores Holley Quadrijet mecânicos, responsáveis por alimentar o V8 Hemi 426, conhecido como “Elephant” por causa de seu tamanho, seu peso e sua potência. Além de gigantesco, o Hemi 426 era um monstro: a potência declarada era de 450 cv, mas na prática estava mais perto dos 550 cv. E há quem acredite que, na verdade, eram quase 600 cv.

O Hemi Dart foi uma série especial concebida pela Dodge em 1968, especialmente para pilotos de arrancada. Naquele tempo os muscle cars estavam em seu auge, e seu desempenho no quarto-de-milha influenciava diretamente o desempenho no showroom das concessionárias – o famoso win on Sunday, sell on Monday.

A estratégia da Dodge era simples: vender a pilotos e equipes independentes um Dodge Dart praticamente pronto para disputar arrancadas a um preço acessível. Os carros vinham sem pintura, tinham para-lamas e capô de fibra de vidro, sendo que a parte interna dos para-lamas traseiros era cortada. As portas não tinham as máquinas dos vidros e o revestimento era uma simples chapa de metal. Os bancos dianteiros eram mais leves, e o banco traseiro foi eliminado sem dó.

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A dieta deu resultado, e o Hemi Dart se tornou um peso-pena entre os muscle cars, com cerca de 1.360 kg. Para se ter uma ideia, um Dart GTS, modelo no qual o Hemi Dart era baseado, pesava mais de 1.600 kg.

Não tão leve assim era o motor: o V8 de 426 pol³ pesava 382 kg quando totalmente seco. E não foi fácil instalá-lo no cofre: os suportes e a travessa tiveram de ser reprojetados, os para-lamas foram rebatidos e o capô não fechava. Daí veio a ideia para o scoop, que também melhorava a admissão de ar fresco para os carburadores. A vista sinistra que você tinha ao encarar um Hemi Dart de frente era quase uma consequência.

O V8 ainda era acoplado a uma transmissão reforçada TorqueFlite, automática, ou a uma caixa Hurst manual de quatro marchas. O diferencial (um Dana 9 3/4) tinha relação final encurtada para 4.88, priorizando arrancadas, e o resultado era um desempenho intoxicante: o quarto-de-milha era cumprido em apenas 11 segundos, a mais de 210 km/h. Só era preciso colocar pneus de competição, pois o Hemi Dart só era vendido com pneus de rua.

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O Hemi Dart era tão selvagem que vinha com um aviso deixando bem claro que ele não tinha garantia, não satisfazia normas de segurança, bebia combustível demais, era muito barulhento e que, em temperaturas amenas, o funcionamento e a durabilidade do motor eram prejudicados.

Nada impedia, porém, que alguém fosse corajoso o bastante e comprasse um Hemi Dart para usar no dia-a-dia. Mas esta pessoa tinha de ter consciência de que, caso algo acontecesse como carro (ou com o dono), a Dodge não se responsabilizaria.

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Mesmo assim, 80 exemplares do Hemi Dart foram feitos, e a grande maioria foi mesmo parar nas pistas. Os carros com a originalidade preservada são raros e, quando um deles aparece à venda, não raro por mais de US$ 200 mil – o que dá cerca de R$ 620 mil em conversão direta.

Você certamente sabe de outros carros de rua incríveis que vêm de fábrica com o motor exposto. Vale tudo: totalmente à mostra ou visível apenas por uma abertura ou uma cobertura transparente, por exemplo. Qual é seu favorito?