FlatOut!
Image default
Pergunta do dia

Qual é o motor naturalmente aspirado mais icônico já usado em um esportivo?

Há pouco mais de um ano, em setembro de 2015, fizemos uma reflexão a respeito do fim dos motores naturalmente aspirados nos carros esportivos. O downsizing ainda não atingiu completamente os carros populares, mas já está no caminho (aqui no Brasil, inclusive), e já está mais do que enraizado nos outros segmentos da indústria. E isto inclui, claro, os esportivos – dá para contar nos dedos os que não utilizam indução forçada ou tecnologia híbrida para conseguir mais desempenho.

Então não, não é exagero dizer que os motores naturalmente aspirados estão caminhando rapidamente para a extinção. E é nos esportivos que eles vão morrer primeiro. Por isso, decidimos perguntar: qual é o motor aspirado mais icônico já usado em um esportivo?

Nossa sugestão é, na verdade, uma menção honrosa, pois se trata de um motor de corrida. Mas estamos falando de um dos melhores e mais longevos motores da história do automobilismo: o V8 Cosworth DFV.

O motor DFV foi uma encomenda de Colin Chapman, o fundador e chefe da Lotus. Ele queria um novo motor para seus monopostos, e foi persuasivo o bastante para convencer a fabricante do oval azul a investir £ 100 mil (o equivalente a £ 1,75 milhão, ou R$ 7,3 milhões, em valores corrigidos) no projeto.

Uma das condições da Ford era que fosse desenvolvido um quatro-cilindros como prova de conceito e, em seguida, um motor V8. Ambos compartilham diversas soluções de engenharia, em especial o cabeçote de fluxo cruzado com comando duplo e quatro válvulas por cilindro. É por isto que eles se chamam FVA (onde “FV” significa Four Valve), no caso do quatro-cilindros, e DFV (“Double Four Valve”) no caso do oito cilindros, que tem dois cabeçotes.

chevron

O FVA ficou pronto em 1966 e foi usado na Fórmula 2. Alimentado por um sistema de injeção mecânica Lucas, o quatro-cilindros deslocava 1.597 cm³ (diâmetro x curso de 83,6×72,75 mm) entregava algo entre 220 cv e 230 cv a 9.000 rpm, e foi o motor mais utilizado pela categoria até 1971.

O DFV estreou em 1967, e dividia diversas características com o FVA. Na verdade, era mais do que isto – o projeto consistia basicamente em um bloco de 90° desenvolvido pela própria Cosworth com dois cabeçotes do FVA. As medidas, entretanto, eram diferentes: o V8 tinha diâmetro x curso de 85,7×64.9 mm, resultado no deslocamento de 2.993 cm³.

CossieDFV

Além disso, é um motor muito bonito

Capaz de desenvolver 415 cv a 9.000 rpm e 37,7 mkgf de torque a 7.000 rpm, o V8 DFV estreou na Fórmula 1 em maio de 1967, na terceira prova da temporada. E foi um estouro.

O Lotus 49 de Graham Hill ficou com a pole no GP da Holanda, em Zandvoort, com meio segundo de vantagem. Liderou a corrida por dez voltas, mas foi forçado a abandonar a prova por problemas no virabrequim. Jim Clark, que havia largado na oitava posição em um carro idêntico, conseguiu ultrapassar os rivais e vencer a corrida.

Era a confirmação de que Colin Chapman precisava para adotar de vez o motor. No fim das contas, Clark ainda venceu outras três corridas, ficando com o terceiro lugar no campeonato de pilotos.

O sucesso do motor DFV levou outras equipes a adotá-lo em peso nos anos seguintes – McLaren, Matra, Brabham, March, Tyrrell, Lola e Williams foram só algumas delas. Tanto que, entre 1969 e 1973, nenhuma corrida que valesse pontuação foi vencida por um carro que não tivesse motor DFV. Entre 1967 e 1985, foram 155 vitórias em 262 GPs.

Incluindo a lendária vitória de Emerson Fittipaldi no GP de Interlagos em 1972, que virou até música!

Há, no entanto, outra característica marcante do motor DFV. O Lotus 49, equipado com ele, foi o primeiro monoposto de Fórmula 1 a utilizar o motor como componente estrutural com sucesso, o que revolucionou a construção deste tipo de carro de corrida para sempre. As principal vantagem é a redução de peso pois, com os componentes da suspensão presos diretamente ao conjunto mecânico, dispensando suportes e dispositivos para atenuar vibrações.

Não foi à toa que a carreira do motor DFV só terminou com o advento dos motores turbinados, que se instalaram no fim da década de 1970: já não era possível ser competitivo contra a indução forçada usando um V8 naturalmente aspirado com mais de uma década de idade. Foi questão de tempo até que as companhias que forneciam motores, como a Renault, aprendessem a lidar com os turbos e, em 1982, o DFV já era considerado um motor aposentado da Fórmula 1, ainda que tenha sobrevivido por mais alguns anos nas corridas de protótipos-esporte.

Um dos melhores registros sonoros do motor Cosworth DFV: o Lotus 72 de Emerson Fittipaldi em Top Gear. Com o Lotus 72, Emmo conquistou o título naquele ano, bem como a equipe

É por isto que o motor DFV é nossa sugestão: ele foi um dos motores naturalmente aspirados mais longevos, revolucionários e bem sucedidos da história da Fórmula 1. Agora, queremos as sugestões de vocês: qual é o motor naturalmente aspirado mais incrível já utilizado em um esportivo?