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Pergunta do dia

Qual foi o momento mais marcante da história do GP do Brasil?

No próximo domingo, dia 9 de novembro, acontecerá mais um Grande Prêmio do Brasil em Interlagos. Foram 42 GPs do Brasil realizados até agora — destes, 41 fizeram parte do calendário oficial do campeonato de Fórmula 1. Ao todo, foram dez GPs realizados no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e 32 em Interlagos. Ao longo destas quatro décadas, muita coisa marcante aconteceu, e o FlatOut quer saber: qual foi o momento mais marcante de todos?

Para nós, é impossível não lembrar daquele que, talvez, seja o momento mais heroico da carreira de Ayrton Senna: o GP do Brasil de 1991, primeira vitória de Senna em casa. E, como se a conquista por si só não fosse o bastante, esta sem dúvida foi a vitória mais sofrida para o nosso tricampeão. Por quê? Simplesmente porque ele completou as últimas voltas da corrida apenas com a sexta marcha.

Como isto é possível? A verdade é que ainda não se sabe exatamente como foi possível. Vamos aos fatos:

A corrida começou com Senna na liderança, com Nigel Mansell logo atrás. Riccardo Patrese, colega de Mansell na Williams, vinha em terceiro, mas Senna e Mansell logo abriram uma boa vantagem sobre o resto do grid. A situação mudou nas primeiras paradas da corrida — Senna conseguiu um pit stop impecável e as Williams também, mas Mansell teve um pneu furado e foi obrigado a parar de novo, com Patrese assumindo a segunda colocação.

ayrtannsennadubrasil

Tudo correu muito bem para Senna até faltar cerca de 10 voltas para o fim da corrida: o câmbio do McLaren MP4/6 de Senna começou a ter problemas e ele perdeu a quarta marcha, sendo forçado a passar direto da terceira para a quinta, depois, uma a uma as marchas foram falhando até que apenas a sexta marcha funcionava. Mansell abandonou a prova na volta 61, também por problemas no câmbio — que, diferentemente da transmissão dos McLaren, era semi-automático (só os Williams e a Ferrari tinham este tipo de câmbio no grid).

O abandono de Mansell deu a Senna uma vantagem de 36 segundos sobre Riccardo Patrese. No clipe abaixo, do filme Senna (2010), é possível ouvir os comentaristas da Rede Globo dizendo que o brasileiro conseguiria manter a vantagem. Contudo, logo ficou claro que havia algo errado — Ayrton Senna passou a perder cerca de quatro segundos por volta. Na volta 65, com um tempo de 1:28,3, a vantagem de Ayrton Senna já havia diminuído para cerca de 20 segundos, e Patrese estava cada vez melhor, com um tempo de 1:21,9. No mínimo preocupante.

Contudo, em dado momento Ayrton Senna conseguiu encontrar uma maneira de pilotar apenas com a sexta marcha sem perder tanto tempo e segurar uma vantagem cada vez menor — faltando três voltas para o final, Ayrton Senna virou 1:24,7, enquanto Patrese, logo atrás, consegue 1:23,4 com o carro perfeito. Foi quase sobrenatural.

Neste ritmo, Senna conseguiu terminar a corrida em 1 hora, 38 minutos e 28 segundos — 2,9 segundos antes de Riccardo Patrese. Liderando de ponta a ponta, Senna finalmente vencia seu primeiro Grande Prêmio do Brasil.

De início, todos acreditaram que fosse impossível — há quem negue até hoje. Contudo, há vídeos que provam que Senna jamais tirou a mão do volante para trocar as marchas — lembre-se, eram os anos 1990 e quase todos os carros tinham câmbio manual, com três pedais e alavanca à direita.

Senna, que teve que queimar a embreagem para minimizar as perdas de tempo (quem esteve lá pode confirmar o ronco característico) e segurar o carro no braço, estava esgotado no fim da corrida, e em questão de segundos o êxtase de sua primeira vitória em casa deu lugar a um cansaço extremo e espasmos musculares pelo esforço extra nos ombros e pescoço. Note como ele ainda ofega na entrevista depois da corrida, onde conta como foi a vitória mais difícil e emocionante de sua carreira:

[vimeo id=”52995917″ width=”620″ height=”350″]

Qualquer que seja sua opinião sobre Senna, sua garra nesta corrida foi inquestionável e, sem dúvida, um dos dias mais importantes na história do GP do Brasil. Mas existem outros, sem dúvida, e é deles que queremos saber: qual foi o momento mais marcante nos 42 anos de corridas da Fórmula 1 disputadas em solo brasileiro?