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Car Culture

Quando o Karmann Ghia virou van dos correios

A modularidade dos Volkswagen a ar é algo admirável até hoje. Claro que estamos falando de carros com origens na década de 1930, mecanicamente muito simples, e inadequados para o mercado atual em qualquer aspecto. Mas no quesito compartilhamento de componentes e economia de escala, eles estavam muito à frente de seu tempo.

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Começou com o Fusca, lançado em 1938 –  e que, antes mesmo de popularizar-se na versão de rua, já tinha dado origem a uma variedade de veículos militares, incluindo um anfíbio (o Schwimmwagen). Em 1950, seu conjunto mecânico foi aproveitado na Kombi (ou melhor, VW Type 2). No Brasil, sua plataforma foi usada no Puma e em vários outros fora-de-série. E seu conjunto mecânico, com o motor flat-four variando em deslocamento, foi empregado em muitos outros Volkswagen até a virada dos anos 1980.

Alguns destes carros são mais famosos que outros. Por exemplo, a maioria das pessoas (nem precisam ser entusiastas) conhece a família Type 3, composta pelo sedã 1600, pela perua Variant e pelo fastback TL. O Karmann Ghia, esportivo que usava a plataforma e a mecânica do Fusca – e que, por isto mesmo, tinha desempenho inferior ao que seu belo design sugeria – também é muito conhecido no mundo todo. Existem, por outro lado, alguns VW a ar que ficaram restritos a alguns mercados e, por esta razão, não gozam da mesma fama.

O Volkswagen Type 147 Kleinlieferwagen (literalmente “furgão pequeno” em alemão) é um deles. Mais conhecido como Fridolin, ele foi um veículo criado especialmente para o serviço postal da Alemanha, usando como base uma mistura de diversos componentes que haviam nas prateleiras da VW. E o resultado, como de costume entre estes Volks mais exóticos, era ao mesmo tempo exótico e charmoso.

O Type 147 foi encomendado pelo serviço postal da Alemanha, o Deutsche Bundespost, em fevereiro de 1962 – e a VW era a opção lógica, pelas razões já citadas. Inicialmente, a Volkswagen considerou utilizar como base o chassi do VW Fusca conversível, feito pela Karmann Ghia, que já trazia reforços nas longarinas e era mais adequado a um veículo comercial. Entretanto, por conta das dimensões, optou-se por utilizar o chassi do próprio Karmann Ghia – que, apesar do entre-eixos idêntico, de 2.400 mm, era quase 15 cm mais largo, o que certamente representava uma vantagem na hora de encher a área de carga de correspondências. Além disso, instalar novos reforços não era um problema para a Volks.

Até porque a fabricação não ficava por conta da Volkswagen, e sim de outra empresa – uma bem conhecida dos fãs, aliás: a Westfalia Werke (na época, chamada Franz Knobel & Sohn GmbH), conhecida por suas Kombi convertidas em motorhomes.

O parentesco com a Kombi, aliás, fica evidente na parte traseira da carroceria, com as tampas do motor e da área de carga aproveitadas e adaptadas, bem como as lanternas traseiras. O para-brisa também vinha da Kombi, enquanto portas e vidros laterais eram feitos sob medida.

A dianteira aproveitava os faróis e o capô do Type 3 de primeira geração, mas os para-lamas eram feitos do zero. O interior, por sua vez, era feito sob medida, mas aproveitava a instrumentação da Kombi.

O motor vinha do Fusca, em suas versões de 1,2 e 1,3 litro – não eram muito mais que 30 cv, mas não se precisava de muito mais que isto para rodar pela cidade entregando cartas e pacotes. Câmbio de quatro marchas e suspensão também vinham do Besouro.

A origem do apelido “Fridolin” não é muito clara. O que se sabe é que o termo costuma ser usado na Alemanha para se referir a uma criança pequena e, por isto, ele pode ter sido adotado por causa das proporções infantis da carroceria. De qualquer forma, podemos atestar que é muito mais fácil pronunciar Fridolin do que Kleinlieferwagen.

 

Foram produzidas exatamente 6.139 unidades do Kleinlieferwagen entre 1964 e 1974. A maioria delas foi usada pelo serviço postal alemão, mas algumas delas foram exportadas para a Suíça. Além disso, uma pequena frota foi encomendada pela companhia de voo Lufthansa para uso nos aeroportos.

Hoje, cerca de 200 exemplares ainda existem – e, por razões óbvias, são relativamente cobiçados entre os fãs mais hardcore dos VW a ar na Europa, que gostam de utilizá-los para projetos stanced diferenciados de customização. Não é difícil encontrar fotos de exemplares do Fridolin restaurados, rebaixados e preparados com motor maior (o flat-four de 1,7 litro da VW, com pelo menos 75 cv, é uma escolha bastante popular.