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Car Culture

Race Wars: os bastidores do icônico evento do primeiro “Velozes e Furiosos”

Craig Lieberman, o consultor de veículos dos três primeiros “Velozes e Furiosos”, vem postando em seu canal do Youtube  uma série de vídeos bem legais com os bastidores da franquia – concentrando-se, principalmente, no primeiro filme, lá de 2001. É bacana ter acesso a este tipo de conhecimento, que antes da era da internet estava limitado aos envolvidos.

O episódio mais recente diz respeito à Race Wars, o evento de corrida do qual todos nós queríamos ter participado há quase vinte anos (ainda não caiu a ficha de que já passou tanto tempo). “Carros, garotas e corridas de arrancada o dia inteiro? Onde eu assino?”

Como você deve lembrar, a sequência é uma das mais importantes para o enredo. Toda a equipe de Dom Toretto participa do evento, bem como o antagonista Johnny Tran. Brian deve vencer uma corrida para pagar a dívida que tem com Dom, e Jesse tenta disputar uma corrida valendo o carro com Tran – perdendo seu Jetta de forma espetacular para o S2000 de seu adversário. Em vez de entregar o Jetta, Jesse prefere sumir dali e vai para a casa de Dom, só para ser perseguido por Johnny.

É nesta parte que um dos erros mais crassos da produção fica evidente: com as rodas enormes instaladas no Jetta, os produtores decidiram colocar discos falsos maiores para preenchê-las melhor. Eles só esqueceram de colocar pinças falsas, o que se tornou uma piada recorrente nos últimos 18 anos. Craig garante que havia freios de verdade sob os discos falsos (o que é um alívio).

Craig lembra que, nesta cena, foram usados dois Honda Civic de quinta geração para as tomadas internas, envelopados com as cores do Jetta e do S2000. Isto aconteceu porque o orçamento não permitia que a equipe adaptasse um Jetta e um S2000 para capturar as imagens, e por isso eles tiveram de aproveitar o que já tinham.

Aliás, na corrida entre Jesse e Johnny Tran, Craig faz uma participação especial – ele é responsável por dar a largada. Na primeira tentativa, ele simplesmente levanta as mãos e as abaixa, como se faz em uma corrida de verdade. No entanto, o diretor Rob Cohen queria algo mais marcante, que criasse expectativas.

Então, Craig percebe que dois pilotos estão distraídos olhando as garotas que estão assistindo à corrida. Ele gesticula para chamar a atenção dos dois, apontando para os próprios olhos, depois ergue os braços pedindo aos pilotos acelerem seus carros, e por fim os abaixa. O diretor vê e instrui Craig a repetir os gestos na hora da filmagem. “Foram meus 15 segundos de fama”, ele conta.

Na corrida entre Letty, com seu 240SX, contra um dos participantes em um Mazda RX-7, os dois carros não estão andando de verdade enquanto os dois conversam – os membros da equipe, incluindo Craig, estão empurrando os dois carros porque, se eles estivessem funcionando, os motores encobririam as vozes dos atores.

Craig conta que mais de 1.000 pessoas foram chamadas para participar da corrida. Sua tarefa era convocar 35 donos de carros modificados para participarem das corridas de fundo, a fim de compor um cenário mais autêntico. Segundo ele, a maior parte destas pessoas eram membros de seu clube, chamado ArtNMotion, e os carros eram seus projetos pessoais – e não sofreram nenhuma modificação para aparecer em frente às câmeras.

Um dos requisitos para participar era ter um carro capaz de correr o dia todo, por cinco dias consecutivos, a uma média de duas a três puxadas por dia. Craig conta que a parte difícil não foi encontrar carros apropriados, mas fazer com que seus donos aguentassem a exaustiva rotina de filmagem. “Correr de carro o dia inteiro parece divertido mas, acredite, não leva muito tempo para que a tarefa se torne incrivelmente entediante”, diz ele. Por conta disto, foi difícil coordenar os pilotos, que deveriam acelerar seus carros e disputar corridas sempre que as câmeras estivessem funcionando.

A inspiração para o Race Wars foram justamente os eventos que estavam ficando cada vez mais populares na região de Los Angeles, como o  Hot Import Nights, o Battle of Imports ou o Extreme Auto Fest — já falamos desse tipo de evento neste postObviamente a equipe de produção não podia usar este nome e, por isso, o nome Race Wars foi criado “do nada”, segundo Craig. Provavelmente ninguém desconfiava que, nos anos seguintes, dezenas de eventos de corrida seriam batizados como Race Wars por causa do filme. Sem perceber, eles estavam levando a cena tuning da Califórnia para o mundo – e entrando para a história.