FlatOut!
Image default
Car Culture

Setembro Amarelo: como um Ford Mustang 1968 inspirou a campanha de prevenção ao suicídio

Já faz algum tempo que, nesta época do ano, as redes sociais ficam repletas de posts a respeito do “Setembro Amarelo”. Geralmente na forma de uma corrente, os posts falam sobre a importância de pedir ajuda e, ao final, geralmente dizem que o usuário disponibiliza sua caixa de mensagens para oferecer apoio.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicoshistórias de carros e pilotosavaliações e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

Em tempos de overdose de informação, com Facebook, Instagram, WhatsApp e outros serviços nos bombardeando 24 horas por dias, é comum que se trate este tipo de conteúdo como spam. No entanto, o Setembro Amarelo tem origem em uma campanha real, organizada por uma fundação chamada Yellow Ribbon (em português, “Fita Amarela”), que foi fundada em 1994. E tudo começou por causa de um Ford Mustang amarelo.

Melhor dizendo, tudo começou com um jovem chamado Michael Emme, um jovem de Westminster, no Colorado, que era conhecido pela família e pelos amigos como “Mustang Mike”. O motivo? O rapaz era entusiasta, fã do Ford Mustang, e comprou um exemplar antes mesmo de ter idade para dirigir. O carro era um hardtop fabricado em 1967, e o objetivo de Mike era restaurá-lo para usar como seu primeiro carro. Mike fez todo o trabalho sozinho, e pintou a carroceria de amarelo brilhante.

Mike tirou a vida por não saber como pedir ajuda – o que é assustadoramente comum em casos de distúrbios mentais como depressão e ansiedade. Estas doenças afetam o comportamento de forma silenciosa, e frequentemente se passam por simples tristeza, ou por supostas características da personalidade do indivíduo.

Mike era descrito pelos pais, Dale e Darlene Emme, como um jovem de bom coração, generoso e bem humorado. No entanto, às 23:52 do dia 8 setembro de 1994 – exatos 25 anos atrás – o casal chegou em casa e se deparou com algo terrível. O Mustang estava parado na frente da casa, como de costume, mas Mike estava dentro do carro já sem vida. Ele havia dado um tiro em si mesmo, e havia um bilhete perto do corpo. “Mãe pai, não se culpem. Eu amo vocês”, dizia o papel. “Com amor, Mike. 11:45 pm”. Mike cometeu suicídio sete minutos antes de seus pais aparecerem. Eles poderiam ter salvo o filho.

Dizem que Mike havia terminado com a namorada pouco tempo antes, e que ele estava mesmo meio para baixo. No entanto, quem o conhecia acreditava que era normal, afinal ele havia acabado de sair de um relacionamento, e este tipo de coisa costuma deixar as pessoas tristes. No entanto, Mike provavelmente sofria de depressão. Sem tratamento e sem apoio – talvez até mesmo por não saber do que se tratava – Mike chegou à conclusão de que tirar a própria vida resolveria seu problema.

Mike era muito querido pela vizinhança e pelos amigos, e em poucas horas a casa de Mike estava cheia de pessoas ligadas a ele. Conversando com os jovens, os pais de Mike viram que a tragédia de seu filho não precisava ser em vão. Foi quando eles tiveram a ideia de criar “lembranças” de Mike – objetos simples que fossem carregados com a memória do filho, e que de alguma forma pudessem ajudar jovens na mesma situação a escaparem de um fim precoce e triste como o dele.

Então, surgiu a ideia das fitas amarelas, como o Mustang de Mike, cada uma delas presa a um cartão. Nos cartões, uma mensagem simples: “se você está pensando em suicídio, entregue este cartão a alguém e peça ajuda!” A ideia era ajudar jovens que contemplavam o suicídio a expor sua situação.

Os pais e amigos de Mike confeccionaram 500 cartões com fitas amarelas e, durante seu funeral, colocaram todos em um cesto. No fim da cerimônia, todos os cartões haviam sido levados por alguém e começaram a se espalhar pelo país. Semanas depois, Dale e Darlene Emme começaram a receber ligações, cartas e emails de pessoas que haviam recebido o cartão de alguém.

De lá para cá, a Yellow Ribbon tornou-se um programa de prevenção ao suicídio baseado nos cartões e nas fitas amarelas. Os cartões são direcionados aos adolescentes e jovens, enquanto os adultos recebem informações sobre como agir ao receber um cartão. Parece um gesto bobo, mas o primeiro passo para superar a depressão é identificá-la e diagnosticá-la. Muitas vezes, uma simples conversa pode levar a uma visita ao psicólogo ou ao psiquiatra – e, com ajuda profissional, a depressão pode ser combatida e controlada.

Segundo a Yellow Ribbon, já foram distribuídos mais de 19 milhões de cartões que, nos últimos 25 anos, ajudaram a evitar quase 115.000 suicídios entre jovens. Ainda assim, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem cerca de 800.000 suicídios por ano em todo o planeta, a maioria deles decorrentes de transtornos mentais.

Desde 2003, a OMS adotou o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. No Brasil – onde uma pessoa dá fim à própria vida a cada 45 minutos – campanha Setembro Amarelo é uma iniciativa do Centro de Valorização à Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A inspiração foi a história de Mike Emme e a atuação da Yellow Ribbon.

Se você tem sintomas de depressão ou pensamentos suicidas busque ajuda. Uma boa forma de fazê-lo é ligar para o CVV no número 188 (ligação gratuita) ou acessar o site da organização, que oferece apoio psicológico a quem só precisa conversar – e também recruta voluntários, mediante um programa de treinamento. E, o mais importante, procurar apoio psicológico de um profissional.