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Tesla Model S deixa todo mundo para trás na arrancada anual da Motor Trend

Todos os anos, desde 2011, o pessoal da revista americana Motor Trend pega os carros esportivos mais fodásticos lançados nos últimos 12 meses e os coloca em uma pista de pouso para ver qual deles é o mais veloz no quarto-de-milha. O resultado é o que eles chamam de “A Maior Corrida de Arrancada do Mundo” (World’s Greatest Drag Race) e, por mais que não dê para medir o tamanho de uma corrida de arrancada, dá para entender o que os caras querem dizer.

Até porque, se depender da extensão da pista, esta é mesmo uma das maiores arrancadas do planeta: o local escolhido foi a base da força aérea de Vanderberg, construída na década de 70, na Califórnia, onde ocorrem lançamentos de foguetes e testes com mísseis de longo alcance. Sua pista de pouso, além de acomodar 12 carros alinhados lado a lado na largada, tem nada menos que 4.572 metros de extensão. Se os caras da Motor Trend quisesse ter feito uma corrida mais longa que um quarto de milha, eles poderiam. Mas a ideia é justamente saber qual destes 12 carros é o mais veloz nos 402 metros – um parâmetro mais comum, mas só por diversão.

O carro mais potente entre os escolhidos para o embate é o único que não tem um motor a combustão. Em vez disso, ele tem dois motores elétricos, um para cada eixo, que no total entregam 690 cv e quase 100 mkgf de torque a partir de 0 rpm – toda a força já está disponível a partir do primeiro toque no acelerador. Não é à toa que o Tesla Model S P100D consegue se transformar em um devorador de carros preparados apenas depenando seu interior.

Todos os outros concorrentes queimam suco de dinossauro morto, do jeito que a gente gosta, e na verdade dois terminam a corrida bem próximos do Tesla. Vamos dar uma olhada em como foi.

Este tipo de comparação não é técnica, e muito provavelmente não significa muita coisa na hora de dizer qual destes carros é o melhor ou o pior. Até porque isto de “melhor” e “pior” é subjetivo, e vai muito além da aceleração em linha reta. Parâmetros como comportamento dinâmico nas curvas, ergonomia, design e mesmo coisas orgânicas como a preferência de cada um precisam ser levadas em conta ao tentar – tentar – decidir qual deles é o melhor. Ou o pior.

Sem essa de spoiler: o vencedor é o Tesla Model S P100D, seguido da Ferrari 488 GTB e do Porsche 911 Turbo S. E eles chegam bem perto. A Ferrari 488 GTB, dotada de um V8 biturbo de 3,9 litros e 670 cv, sendo o segundo carro mais potente do rolê. Jonny Lieberman, o apresentador, observa que se a corrida fosse um pouco mais longa que um quarto-de-milha, fatalmente a Ferrari ultrapassaria o Tesla – que, apesar do torque instantâneo e da tração integral, também é de longe o carro mais pesado de todos, com 2.250 kg. A 400 GTB pesa 1.550 kg, ou 700 kg a menos, e ainda conta com 77,5 mkgf de torque já a 3.000 rpm e uma transmissão de dupla embreagens bem rápida. Não é se apegar à combustão interna, é fazer as contas.

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No caso do 911 Turbo S, é a mesma coisa: estamos falando de um flat-six de 3,8 litros com 580 cv e 71,4 mkgf de torque já a 2.100 rpm, levando a força do motor para as quatro rodas através de uma caixa de dupla embreagem e sete marchas. O peso: 1.696 kg.

Outros dados mostram que a distância é pequena: o Tesla Model S cumpriu o quarto-de-milha em 10,5 segundos a 201,2 km/h, a Ferrari fez o mesmo em 10,6 segundos a 217,3 km/h — ainda que tenha tração apenas nas rodas traseiras, o que é um feito e tanto (a vantagem da Ferrari em velocidade é um alívio, não?). O Porsche 911 Turbo S levou o mesmo tempo que a italiana, e estava a 207,6 km/h na largada. Praticamente um empate técnico – e ainda podemos incluir na conta o Audi R8 V10, que também levou 10,6 segundos, a 209,7 km/h, na edição passada — também com tração integral.

Claro, outros nove carros disputaram a arrancada, e talvez seu favorito estivesse entre eles. Meu favorito entre os doze é o Corvette Grand Sport (teria sido o Miata, mas ele nem chegou a disputar a prova) com seu V8 naturalmente aspirado de 6,2 litros e 460 cv e câmbio manual de seis marchas. Dentre todos, só não é menos potente que o Cayman, que tem 355 cv, e foi o penúltimo colocado, à frente apenas do Lexus LC500, com seu V8 de cinco litros e 477 cv. Mas isso também não significa que ele seja pior que os demais — e muito menos que eu trocaria um Corvette por um Cayman.

Enfim, este post acabou virando mais uma reflexão sobre o futuro dos carros com motor a combustão interna diante da ascensão dos elétricos (conclusão: eles ainda têm muito combustível para queimar), mas também é interessante notar como o desempenho de um carro em linha reta depende de muito mais fatores que apenas potência bruta e um bom piloto. O Nissan GT-R Nismo, por exemplo, mostra que a tração integral ainda é uma vantagem importantíssima na arrancada, ficando à frente do Mercedes-AMG GT com 11 segundos cravados contra 11,4 segundos. Mas aí você olha a Ferrari 488 GTB, colando no líder com tração traseira e pensa: “Ok, qual o truque?” Sem truques: são todos os fatores envolvidos além de potência e pilotagem.

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Já o Porsche Cayman deixou claro que o baixo peso (cerca de 1.300 kg) e um bom câmbio fazem a diferença ao andar praticamente junto com o Camaro ZL1 1LE (que pesa quase 1.700 kg) por quase toda a extensão da corrida, perdendo apenas no final para o V8 6.2 do muscle car.

Um bônus: você pode conferir aqui a lista com todos os tempos de todos os carros que já disputaram a “Maior Arrancada do Mundo” da Motor Trend.