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Car Culture

The Chairslayer: conheça Rob Parsons, o cadeirante que faz drift usando as mãos

Uma das coisas que tornam o ato de dirigir tão atraente aos entusiastas é o fato de ser uma atividade que requer dedicação e concentração total. Cada músculo do seu corpo é usado quando você dirige: os braços viram o volante, as pernas acionam os pedais, as mãos acionam os comandos. Mas o que acontece quando você fica impossibilitado de usar boa parte do seu corpo? Bem, há quem dê um jeito.

Já mostramos aqui as histórias de alguns gearheads que superaram os limites do corpo pela paixão por carros. Alex Zanardi, ex-piloto de F1, se tornou ciclista profissional e piloto de turismo depois que perdeu as pernas (leia a história de seu acidente aqui), usando um BMW Z4 adaptado. O jovem polonês Bartek Ostalowski perdeu os dois braços, mas usa os pés para mandar muito bem no drift com seu Nissan Skyline.

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Hoje, vamos conhecer um pouco de Rob Parsons, mais um representante deste seleto e inspirador grupo de entusiastas: depois de sofrer um terrível acidente enquanto praticava motocross, ele perdeu os movimentos das pernas. Em vez de ficar se lamentando ele decidiu usar aquilo como uma oportunidade para fazer algo novo: desenvolver sozinho um sistema que permitisse que ele praticasse o drift, outra de suas grandes paixões, usando apenas as mãos.

Neste vídeo, feito pelos caras do Network A, Rob conta como começou a praticar drift: no início dos anos 2000, ele e seu pai começaram a importar carros esportivos japoneses para o Canadá. Não demorou para que o jovem Rob começasse a se interessar pela arte das derrapagens controladas, praticando em estacionamentos vazios (clássico!). Em 2007, ele começou a conquistar seus primeiros títulos regionais da Fórmula Drift, mas em 2010 ele decidiu se dedicar a outra de suas atividades favoritas: o motocross.

Infelizmente, pouco tempo depois o acidente que mudaria sua vida aconteceu: enquanto treinava na pista perto de sua casa, Rob aterrissou mal de um salto e caiu em pé. A força do impacto quebrou suas duas pernas, fêmur e coluna vertebral, além de fraturar as costelas – uma delas perfurou seu pulmão.

“Eu me lembro de abrir os olhos, tentar me mover e não conseguir. Então eu pensei: ‘po**a, o que é que eu faço agora?”, ele conta no vídeo.

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Foram seis meses em recuperação no hospital – na verdade, um período de recuperação surpreendentemente curto dada a gravidade de sua situação. De qualquer forma, aqueles seis meses foram suficientes para que Rob, que em momento algum cogitou em abandonar suas paixões, decidir que usaria aquela situação para mudar a vida de outras pessoas, ao mesmo tempo em que continuaria sendo o mesmo cara.

Obviamente, voltar a andar de moto estava fora de cogitação. Assim, ele decidiu focar-se novamente no drift, desta vez, de forma adaptada. Ele mesmo desenvolveria um sistema para praticar o drift usando apenas as mãos e construiria um carro para aperfeiçoar sua técnica e demonstrar o que havia criado. E assim fez.

O carro é um Nissan 180SX, um dos favoritos da galera drifter em todo o planeta. Contudo, em vez do tradicional quatro-cilindros turbo SR20, o carro de Rob tem um V8 LS3 de 5,7 litros com compressor mecânico Vortech, acoplado a uma caixa manual de seis marchas T56 Magnum. Sim, câmbio manual!

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E é aí que o sistema de Rob entra em ação. O carro foi equipado com um sistema de troca de marchas sequencial por borboletas atrás do volante da Mastershift e embreagem manual na mão, como nas motos. O acelerador é atuado por um sistema redundante: Rob acelera puxando aro de metal atrás do volante (como no Z4 de Alex Zanardi) ou empurrando para baixo alavanca onde se encontra o atuador da embreagem. Com a mão esquerda ele também puxa a alavanca do freio que trava as rodas traseiras. Dá para ter uma boa noção de como o sistema funciona na prática assistindo o vídeo abaixo.

[vimeo id=”110423579″ width=”620″ height=”350″]

O carro também tem gaiola de proteção completa, rodas Varrstoen de 18×10,5 polegadas, bancos Bride Zeta III homologados pela FIA e cintos de competição de seis pontos da Takata. O detalhe: Rob montou o carro em sua própria garagem com a ajuda dos amigos, mas fez boa parte do trabalho sozinho.

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A motivação de Rob para construir o carro, porém, não foi unicamente a vontade de voltar a praticar o dorifuto: desde o início ele queria ajudar outros entusiastas na mesma situação que ele: veteranos de guerra que perderam as pernas, pessoas que nasceram com condições como spina bifida, que deixa as pernas atrofiadas e limita seus movimentos, e caras que sofreram acidentes como os dele. Para isto, ele fundou a Chairslayer, que além de funcionar como sua equipe de drift, fornece aulas de pilotagem com carros adaptados.

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A Chairslayer ainda está crescendo e, no momento, os interessados podem acessar ao site e preencher um formulário para contar suas histórias. A equipe de Rob entra em contato assim que possível.

Se você precisava de motivação para montar seu projeto ou aprender coisas novas ao volante, sendo você perfeitamente saudável ou não, aí está. Não precisa nos agradecer – ou melhor, agradeça a Rob.