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Project Cars Project Cars #161

Uma preparação leve, os acertos finais e a conclusão do meu Chevette DL 1992, o Project Cars #161

E aí pessoal! Tudo bem? Hoje eu vou contar a segunda parte do meu Project Car e o que foi feito para uma leve melhora na potência do meu Chevette. Como havia dito no final do primeiro post, andei tranquilamente com ele por quase meio. Era um carro meio fraco, não era econômico e normalmente dava trabalho para ligar pela manhã. Mas era muito louco eu finalmente estar andando com meu carro, o carro que eu tanto quis.

Em outubro de 2013, eu percebi um cheiro de óleo no carro. Um cheiro forte de óleo queimado. Era meio constrangedor de andar, porque ele deixava fedido tudo o que estava em volta, e como ele não tem película nos vidros, não adiantava eu fechar pra tentar me esconder.

Quando levamos ao mecânico, ele viu que o problema estava nos retentores do cabeçote. Como era um mecânico que mexia com preparações e ele me ajudou a convencer meu pai a darmos uma retrabalhada no cabeçote e no motor. A receita era: rebaixar o cabeçote, trocar o comando, colocar uma bomba elétrica do Kadett GSI, um coletor 4×1 com um escapamento de melhor fluxo (e com um barulho um pouco mais bacana), instalar um conta giros e um manômetro de pressão de combustível, segundo estágio do carburador no acelerador (se passar da metade do acelerador dá pra sentir o segundo estágio abrindo) e uma pintura nova no motor, pra tirar aquele cinza original e sem graça.

Estava ali o que eu precisava pra ter um carro um pouco mais forte, mais gostoso pra andar na cidade e sem afetar o consumo de combustível.  Como eu não gosto de nada que chame muito a atenção, colocamos os dois instrumentos de 60 mm, na frente do passageiro e voltados para o motorista. Ficaram muito bacanas, na minha opinião.

Motor antes:

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O motor depois:

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E os instrumentos:

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Quando tirei ele da oficina e fui dar uma volta no quarteirão pra fazer um teste… que delícia! Era outro carro. Subia giro bem mais rápido que antes, respondia às acelerações sem precisar reduzir marcha (dentro do possível pra um motor 1.6 carburado com 20 anos de uso). E claro, a tração traseira já me mostrou que não pode inventar de fazer muita graça não. Na segunda curva que eu fiz depois que saí da oficina, dei uma puxada um pouco mais forte de segunda, ele escorregou um pouco em um montinho de areia que tinha na rua e já deu uma “chacoalhada”. Aí eu, como todo gearhead, fiquei mais animado ainda com o carro! Precisei apenas de algumas idas ao mecânico depois de pronto, só para alguns ajustes finais.

Andando com 0.1 bar de pressão na linha de combustível, o carro falhava quando acelerava mais forte, faltava combustível em alguma subida mais longa. Era feio. Com 0.2 bar ele não falhava nas aceleradas mais fortes, mas em subida com o pé lá no fundo ele dava falta igualmente. Regulamos para 0.3 bar e pronto, o carro ficou redondo. Estava muito gostoso de andar, o consumo era igual antes e agora eu podia falar que andava de carro preparado!

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Uma foto melhor do interior…

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E uma do forro de porta pra mostrar que eu arrumei a luz de cortesia

Como felicidade dura pouco, em três meses a bomba elétrica estragou! Era ligar o carro, ver o manômetro mostrar 0.3 bar e com qualquer mínima acelerada a pressão caia para zero, o carro falhava e o motor apagava. Uma droga! Como o antigo proprietário do carro tinha colocado um botão pra injetar gasolina manualmente do reservatório de partida a frio, abastecemos o reservatório com etanol e pronto, ainda deu pra andar até o mecânico. Levamos novamente no mesmo mecânico, que trocou a bomba por outra igual e resolveu. Depois de pegarmos o carro, eu vi que ele tinha montado a bomba sem filtro de combustível. Sem nenhum filtro de combustível, nem antes e nem depois da bomba.

FOTO ALEATÓRIA 5

Como estava sem o filtro, era só esperar mais um pouco que a bomba ia dar problema novamente. E deu.

A história do dia que a bomba decidiu parar de funcionar foi tensa, mas muito engraçada depois de um tempo, e merece ser compartilhada: corri de um travesti de ré! Eu tinha acabado de deixar a minha namorada na casa dela e estava voltando pra minha casa por volta das 23:00 quando vi que a pressão do combustível sumiu. Era noite, e pra chegar na minha casa eu tenho que passar pela avenida Leste Oeste. Pra quem conhece Londrina, sabe que a Leste Oeste é quase o Red Light District da cidade, mas sem a parte das vitrines. As meninas ( e vários meninos) ficam em todas as esquinas da Avenida. E são várias esquinas.

Parei meu carro em um semáforo e sem seguida ele morreu. Dei partida e morreu de novo. O que eu fiz? Segurei o botão do injetor de gasolina (que estava com gasolina mesmo, e não mais etanol) e pronto: o carro funcionava! O problema é que ficou ruim segurar o botão, o volante, trocar de marcha, prestar atenção no trânsito, então decidi puxar o afogador e deixar o carro acelerar sozinho. Foi quase que um cruise control no Chevettão!

Atravessei a avenida inteira assim, meio pipocando, meio falhando, mas ele foi. No final da avenida, eu tinha que sair  entrar em outra avenida, a José de Alencar. Quando fiz essa curva, o carro morreu e não pegava mais. Nisso eu vi que um(a) travesti olhou pro carro e começou a vir em minha direção. Como eu só queria ir embora, deixei o carro descer um pouco para ele(a) ver que eu não queria nada.

Não adiantou, ele começou a andar mais rápido em minha direção e começou a mexer na bolsa. Nesse momento, algum anjo protetor de Chevette decidiu fazer meu carro pegar. Como a avenida tem um canteiro largo, eu consegui dar a partida, engatar a ré e atravessar um lado dela, até parar no canteiro. Ai a travesti começou a correr para o lado do meu carro. Sem saber o que ele queria desci mais um monte de ré com o carro desligado e depois entrei em um bairro que é inteiro em descida, e fui só no embalo até perto da casa do meu primo, onde o carro ficou aquele dia.

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Um mapa pra exemplificar: azul é de onde eu vim, vermelho é a parte da ré e verde é a parte só do embalo

Depois disso decidimos levar o carro a outro mecânico, que sugeriu que colocássemos a bomba de combustível mecânica de volta. Compramos outro tanque de combustível também, porque o que tinha antes vazava combustível por um quebradinho bem pequeno no encaixe da bóia.

Com o tanque novo no lugar, mandamos colocar a bomba mecânica e um filtro de combustível. Tinha acabado de tirar o carro da oficina e na primeira volta ele já morreu! A vontade de tocar fogo no carro era grande, mas meu pai e eu preferimos procurar o que estava acontecendo. Tiramos a mangueira de combustível depois do filtro e ela não estava nem pingando. Achamos que era alguma sujeira do tanque então desencaixamos a mangueira do tanque e ele jorrou combustível.

Pensamos que fosse o filtro entupido, mas para a nossa surpresa, quando tiramos a mangueira que entrava no filtro, ela também não pingava. Ou seja: em um pedaço de uns 20 cm de mangueira tinha alguma coisa que a estava entupindo. Como a mangueira do combustível que o primeiro mecânico passou era mais grossa que a saída do tanque, ele colocou uma outra mangueira por dentro para encaixar no tanque. O problema é que essa mangueira de dentro ressecou e fechou a passagem. Quando nós tiramos, tinha no máximo 2 mm pra passar o combustível! Certamente foi por isso que as duas bombas elétricas foram pro pau tão rápido. Tirei ela, coloquei uma outra do diâmetro certo e pronto! O carro tava filé!

Até o dia seguinte…

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Esse era o pedaço de mangueira. Na segunda foto dá pra ver o estreitamento por onde o combustível teria que passar

Carro antigo é sistemático. Não importa se você já trocou aquela peça, se ele quiser ele vai quebrar e pronto, não tente entender. Na mesma semana percebi que a partir das 3.000 rpm ele estava falhando muito. Levei ao mecânico e ele viu que era a tampa do distribuidor. Tampa trocada, carro novo de novo.

Nessa ida à oficina para instalar a bomba mecânica, decidimos fazer a parte de suspensão, que estava bem judiada. Colocamos os amortecedores originais, mas preparados, e as molas da Chevy 500, que me disseram que eram mais duras, cortadas. Eu queria um carro não muito baixo, porém mais duro que o original. Adorei o resultado, o carro ficou muito mais estável.

FOTO ALEATÓRIA 1

Depois disso o que deu pau foi o painel. Não marcava o nível de combustível, nem a velocidade e muito menos a quilometragem. Eram momentos de tensão, porque nunca sabia quanto combustível tinha no tanque, mas essa parte foi tranquila de resolver, só trocamos o marcador de combustível e recolocamos o cabo do velocímetro.

Depois disso o carro nunca mais teve problemas. Já são quase três anos com o carro, que nunca deixa de me surpreender e ainda coloca vários sorrisos do meu rosto. Várias pessoas já perguntaram se eu vendo ele, mas não, eu não vendo. Pra mim o carro tem um valor maior que o financeiro. É um carro que se eu puder eu mantenho ele como segundo, terceiro, quarto carro.

Gostaria de agradecer a todo mundo que teve a paciência de ler esse texto gigante, aos editores do FlatOut pelo espaço cedido ao meu e a todos os outros PC, e principalmente ao meu pai, Gilberto, que fez isso ser possível. Obrigado!

FOTO FINAL

O cara que realizou o meu sonho e eu. Obrigado, pai!

Meu nome é Gustavo Mendes (não, não imito a Dilma) e esse foi o meu PC #161.

Por Gustavo Mendes, Project Cars #161

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Uma mensagem da equipe do FlatOut!

Gustavo, seu Project Car mostrou para a galera que restaurar e deixar um carro antigo em ordem não é uma tarefa fácil ou simples e exige um bom conhecimento técnico e paciência para descobrir pequenos defeitos e encontrar as soluções. Por outro lado, essa experiência intensifica a relação homem x máquina, aumentando a diversão de se ter um Project Car a ponto do carro se tornar um novo membro da família e, se possível, não sair nunca das nossas vidas. Parabéns pelo projeto!